domingo, 14 de novembro de 2010

A nossa visita às Relíquias

Lisboa, 13 de Novembro, sábado à tarde.

Conseguimos estacionar o carro junto à Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa e percebemos, à medida que nos aproximávamos do edifício onde estava a decorrer a exposição, que estávamos prestes a assistir a uma iniciativa única e irrepetível.Visitar as Relíquias do Buda e de outros Grandes Mestres Budistas é, antes de mais, um passo muito profundo no universo espiritual. Para nós, conhecer uma realidade diferente da nossa e “entrar” numa cultura que desconhecemos na sua globalidade foi um enorme e compensador desafio. Falar do Budismo ao acaso é muito vago perante o conhecimento que daí poderemos extrair.
Subimos as escadas e fizemos uma visita pela loja onde adquirimos o catálogo da exposição.

Subimos depois outras escadas que nos conduziam ao recinto onde estavam as Relíquias. À porta, indicaram-nos o modo como deveríamos fazer o caminho em torno do altar. Olhámos para o centro da sala e vimos um Buda ladeado de flores e rodeado de pequenos objectos que à partida desconhecíamos.Começámos por fazer o “Banho ao Buda”, uma oferenda que consiste em pegar numa pequena colher de madeira e banhar o Buda com água, acto esse que visa a nossa própria purificação para garantir uma boa saúde e combater os karmas negativos de toda a espécie de doenças físicas.

Seguimos depois ao redor do altar, na direcção dos ponteiros do relógio e observámos minúsculos objectos associados a Budas, Lamas e Mestres, pequenos utensílios com cristais ou cabelos que percebemos rapidamente serem as Relíquias anunciadas.Apreciámos e tocávamos no que nos era acessível e chegámos no final a uma sala onde nos indicaram que poderíamos receber uma bênção pessoal através de uma monja, com as relíquias do Buda Sakyamuni. Nada mais nada menos do que o Príncipe Siddharta Gautama, o mesmo que serviu de inspiração à obra “Siddharta” de Hermann Hesse. E assim foi. Ajoelhados sentimos uma presença de paz a entrar pelo topo da nossa cabeça e sentimo-nos tão bem e honrados por termos tido o privilégio de receber aquele acto de amor. O passo seguinte foi transcrever com tinta dourada umas frases do Sanghata Sutra (Sutra da Luz Dourada) que irá ser depositado junto à estátua de Maitreya a ser construída na Índia, na região de Bodhgaya, Bihar, local onde o Buda Kashyapa ( Buda Histórico) recebeu a iluminação.Diz-se que este poderoso Sutra ajuda a superar obstáculos e a atingir metas. “…muitas pessoas que recitaram o Sanghata Sutra receberam benefícios nas suas mentes e nos seus corações…é uma bênção directa do Buda para cada um de nós” – disse o Lama Zopa Rinpoché, director espiritual do Projecto Maitreya (ver os objectivos deste projecto no link da coluna do lado).Saímos depois da sala e podemos de novo apreciar a devoção e a admiração de alguns dos visitantes em redor do altar das Relíquias. Em 2 outras salas foram disponibilizados espaços para meditação e vimos com espanto a presença de um cão, que viemos a perceber posteriormente que estaria ali para receber também a bênção do Buda Sakyamuni. O Lama Zopa Rinpoché incentivou desde o início das visitas das Relíquias pelo Mundo, todos os visitantes a levarem os seus animais de estimação para que também eles pudessem purificar os karmas negativos de várias vidas e passarem a ter plantadas em si as sementes da iluminação.E foi assim que decorreu a nossa visita a esta magnífica exposição. Saímos da Rua da Estefânia totalmente preenchidos de Luz e com um sentimento de Paz muito forte, convictos de que fizemos parte de uma corrente de bondade muito poderosa e que continuaremos a transmitir essa mesma energia a todas as pessoas que se encontrem junto de nós.

Terminamos este relato da mesma forma como termina o catálogo da exposição:
“Possam as mentes de todos os seres, em todos os lugares, libertar-se de todos os pensamentos de intolerância, raiva, ódio e do desejo de prejudicar os outros; e, em vez disso, possam as suas mentes encher-se de pensamentos de tolerância, respeito, bondade amorosa e desejo de beneficiar os outros”.

Um comentário:

O Espírito do Tai Chi disse...

Uma bela descrição de uma "viagem" interior e exterior.
Gostei muito de ter viajado convosco já que não tive oportunidade de o fazer.

Bem hajam!...

António Serra